Quando o então presidente George W. Bush anunciou seus planos para a exploração espacial norte-americana em 2004, ele destacou a necessidade de conduzir pesquisas robóticas em Marte em busca de evidências de vida como uma preparação para a futura exploração humana.
WERNHER VON BRAUN
O engenheiro de foguetes Wernher von Braun já havia escrito uma série de artigos na revista Collier’s Weekly sobre a possibilidade de uma frota de 10 potentes espaçonaves, cada uma tripulada por 70 astronautas, viajar à Marte quando seu foguete Saturno V enviasse a tripulação da Apollo 11 à Lua. Von Braun pretendia que sua visão se tornasse o próximo estágio do já bem-sucedido programa espacial tripulado da NASA. Seus ambiciosos planos iniciais foram revistos para transportar apenas 12 astronautas, que viajariam em espaçonaves gêmeas para Marte.
Esta missão mais modesta incluía um veículo orbital, um foguete nuclear de três estágios equipado com uma face triangular, e um módulo de excursão reutilizável para explorar a superfície do planeta. Os testes estavam previstos para começar em 1978, e o primeiro pouso em Marte seria em 1982. O projeto recebeu o apoio da NASA quando o Space Task Group (Grupo de Tarefas Espaciais) apresentou seu relatório final em setembro de 1969, recomendando o projeto completo.
Mas o final dos anos de 1970 foi a pior época do programa espacial. A expectativa de que o tesouro nacional gastasse cerca de US$78,2 bilhões em dez anos em uma estação espacial, uma base lunar, um ônibus espacial e na exploração de Marte não despertou a mesma euforia do primeiro pouso na Lua. Vôos longos tripulados não seduziram a imaginação do público. As imagens granuladas em branco e preto de um planeta desolado e empoeirado, enviadas pela sonda espacial Mariner 4, não convenceram a opinião pública. Distraída por iniciativas que garantiam mais votos, a administração de Nixon cortou o orçamento do sonho de Von Braun. O único elemento do projeto que sobreviveu foi o design do ônibus espacial.
O DESAFIO HUMANO
O programa Constellation, criado para estabelecer uma base habitada permanente na Lua, é o laboratório para a primeira exploração humana de Marte e outros planetas. Os astronautas que irão explorar Marte terão de resistir aos efeitos fisiológicos, aos perigos físicos e à pressão psicológica gerados por longos períodos de tempo no espaço. A viagem em si irá durar seis meses, e os efeitos da exposição crônica à gravidade zero e À prolongada dose de radiação sobre o corpo precisam ser minimizados. Mas as grande ameaças a uma missão para Marte são o bem-estar mental da tripulação e a forma como os astronautas irão interagir uns com os outros. Habilidades e cooperação, assim como excelente forma física, serão elementos essenciais para uma missão de longa duração bem-sucedida. Um dos problemas das missões espaciais muito prolongadas é a solidão do trabalho incessante durante a viagem. O efeito dos seis meses de permanência da tripulação na Estação Espacial Internacional fez com que a NASA mudasse a forma de selecionar e treinar novos astronautas para missões longas. As explorações espaciais tripuladas do futuro exigem que os seres humanos não só sobrevivam a missões de longa duração, mas também que se adaptem ao novo ambiente e se readaptem com sucesso ao retornar à Terra.
PERIGOS FÍSICOS
Viajantes espaciais interplanetários enfrentam dois tipos principais de radiações perigosas, prótons de baixa energia e de alta energia. Prótons de baixa-energia são expelidos pelo Sol durante tempestades solares. Quando eles colidem com a magnetosfera da Terra, produzem as maravilhosas auroras. No entanto, para os astronautas que não contam com a proteção da magnetosfera, estes prótons podem ser fatais. Raios cósmicos galácticos são fluxos de prótons de alta energia. Eles fluem pelo espaço interplanetário, representando um perigo para a saúde dos astronautas a longo prazo. Eles debilitam o DNA, tornando os astronautas suscetíveis ao câncer.
EXPLORAÇÃO
Desde os primeiros escritos de Von Braun sobre o assunto, uma frota de orbitadores, aterrissadores e veículos por controle remoto registraram, fotografaram e mapearam a atmosfera e a superfície de Marte. A exploração robótica continuada está ajudando a identificar possíveis locais de pouso e a disponibilidade de gelo e outros recursos utilizáveis para bases tripuladas. A missão “Mars Sample Return” pretende enviar à Terra amostras do solo para uma análise prévia antes do envio de qualquer missão tripulada. Enquanto isso, o programa Scout da NASA, uma série de missões robóticas investigativas de longo prazo, está recolhendo dados de gelo e do solo de Marte. O aterrissador Phoenix, instalado na superfície de Marte por três meses, está verificando evidências de que o local tenha sido anteriormente favorável à vida.
MARTE: A VISÃO
Quando os seres humanos forem tecnicamente e fisicamente capazes de viajar a Marte, eles viajarão em comboio. Cada missão a Marte irá incluir três veículos, dois veículos de carga e um veículo pilotado que irá voltar à Terra. A NASA acredita que a carga deverá ser transportada para Marte 26 meses antes das tripulações. Quando os astronautas chegarem, eles permanecerão em missões de longa duração de até 18 meses. O tempo de viagem é de cerca de seis meses, e a missão irá se aproveitar do alinhamento ideal entre a Terra e Marte. Este engenhoso atalho diminuirá o período de tempo de viagem da tripulação pelo espaço, a exposição à radiação e à microgravidade.
Fonte: Discovery Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário